Enunciado quase poético

Parcimónia, défice ou mesmo medo de um interior armadilhado…gostava de viver mais …….a poesia.
Sem saber porquê, vou evitando …….a verdade e a cor,os retratistas, coloristas e os transcritores da realidade.Registos sem regularidade, vulgares ….por vezes acordo com vontade dos ditos , sempre ao alcance de um olhar, de uma leitura .
Poesia, esse ondular dialético, de função introspectiva, conjunto de registos ora abstractos ora figurativos que nuncam nos deixam de nos encantar.
Revejo-me no pululamento de frases e conceitos talvez como refrigério e fuga de uma cada vez mais ignóbil realidade.
Função derivada de um primitivo e solto enunciado,compilação de sons e cores, a poesia alimenta-me pela alma .

Droit de regard

Vous
je ne vous regarde pas
ma vie non plus ne vous regarde pas
J´aime ce que j´aime
et cela seul me regarde
et me voit
J´aime ceux que j´aime
je les regarde
ils m´en donnent droit

Jacques Prévert,
La pluie et le beau temps

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Museo Correr

Venezia,Piazza San Marco
 
Num dos topos da praça, em oposição à basílica,fica o Museo Correr.Salas imensas, muitas de perder a conta.Apesar de possuir muito do espólio da época de ouro veneziana (1500-1600), entre as quais os génios eternos, Carpaccio,Titian,Cariani,Palma Vecchio,Savoldo, o museu Correr é uma referência no neo-classicismo, emergente do século XVIII e XIX.
A sala de baile e em toda a entrada do museu, é um verdadeiro festim neo-clássico; construída para Napoleão aquando da sua visita conquistadora de Veneza, ela abarca hoje toda uma série de esculturas de António Canova, mestre escultor italiano.
Mais um museu, ou mais um museu Veneziano, apenas mais uma peça no puzzle do entendimento e compreensão.
O limite de duas horas é fundamental para se visitar um museu, com olhos e entendimento.Após as duas horas as obras escampam-nos e apenas caminhamos por entre obras de arte.
Estava em Veneza e estava frio, muito frio.O Florian estava fechado para restauro e Casanova provávelmente recebe em seu apartamento e viagramente suportado.
No inverno o frio e " aqua alta" e no verão o cheiro, mas não deixa de ser nunca, uma cidade única e magnifica.
 
Cidade de Génios
 
 
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Gwalior

O forte, as ruínas e a chuva
 
Chovia.
Entrámos na terceira semana de Setembro, ao mesmo tempo que entrámos em Gwalior.A India é sede de todo tipo de ruínas, descobertas e por descobrir, vilependiadas pelo tempo e pelo homem, catalogadas e abandonadas,registo de milénios de civilização e crescimento humano.
Em Gwalior, Madhya Pradesh, as ruínas sobrepoem-se a ruinas, as ruinas misturam-se com o refugo  mineral da "industria do artesanato", que alimenta milhões de lojas em todo o mundo.
Chovia quase sem parar fazia dois dias, pensando nós num canto de um cisne, de uma monção que teimava em não nos abandonar.Estávamos nos sete dias sagrados de adoração a Lord Ganesh, Ganpati, o simpático deus de cabeça de elefante,quatro braços e de carro rato,filho de Shiva e Parvati, removedor de obstáculos e deus de força maior na constelação hindu.A festa, as manifestações espontâneas de cor são por todo o lado, embriagando-nos de som e alegria.
A chuva limpa, a água purifica..a água encharca.
Suresh Chaurasia foi o nosso guia, dedicado e informado.
Falar de Gwalior é falar do massivo e enorme forte.Com mais de 3 km de comprimento e 1 de largura, o forte dos fortes foi e é base de todos os exércitos conquistadores e ocupantes, base central e estratégica de todos os braços armados que governaram a região.
De tão grande,alberga palácios,museus e sedes de policia e exército.Construido, segundo a lenda na ausência de documentos….no séc.I.Ele é ainda hoje e desde sempre, a base da família real Scindia, dominadora e influente em toda esta região até aos nosso dias.Apesar de séculos de ocupações de Rajputs, Marajás, Mongóis e Ingleses, o forte e a importância da família Scindia manteve-se.Por toda a India existe este espirito de resistência passiva, deixando o tempo, a grandeza e pureza das tradições fazerem a eternidade.
Continuava a chover; nas paredes norte do forte ficámos deslumbrados com as gigantescas esculturas de tirthankaras,os que nos conduzem para outro lado, lembrando-nos a importância do jainismo, em determinada altura, por estas bandas;…. e a chuva não parava.Paredes meias com a cidade pela mesma saída norte, uma paragem numa passagem de nível e tempo para ver um dos poucos e  raros exemplos de "baby trains", pérolas sobre carris em pleno funcionamento cívico e comunitário.
E continuava a chover.Ofereci o meu poncho de plástico ao nosso guia, na esperança que Ganpati  nos brindasse com  um pouco de sol.
 
 
 
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Sporting

Vale sempre a pena
 
Apesar da derrota, a festa foi bonita.Verde por todo o lado,pessoas contentes, espírito positivo, muito bom ambiente, pessoas definitivamente diferentes.
Fui com a minha filha Carolina, no que foi o seu primeiro grande jogo.Divertimo-nos e gostámos imenso……perdemos, foi pena, mas foi bonita a festa.
Ficará para outro dia, outro ano, quem sabe….mas um clube é feito de pessoas, assim como nós, que nunca viramos a cara e nunca  desistimos.
O meu avô era do Sporting, o meu pai também é, as minhas filhas também são; o espírito transmite-se ( há quem diga sofrimento mas não percebe) a tradição herda-se e renova-se.
Sou sócio para mais de quarenta anos, as minhas filhas também.O Sporting somos nós, que fazemos o clube,um clube  de pessoas diferentes, para muito melhor.Élitismo? não!….. simplesmente, a realidade.
Continuamos Sporting, sem esquemas e estratégias que não sejam as correctas e honestas; não entramos nem circulamos pelos caminhos pantanosos e duvidosos por onde muitos andam e vivem.
Tenho orgulho no caminho que percorremos e iremos percorrer, um caminho de honestidade e verdade um caminho de exemplo para os nossos filhos…..sportinguistas.
Acredito que o país e Portugal seria diferente se nós fossemos os tais seis milhôes.
 
Viva o Sporting
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Meia Maratona

Lisboa, 26 de Março 2006
 
Fiz hoje pela primeira vez a meia maratona.Foram 21 km de verdadeiro prazer e esforço, numa festa  que coloriu a cidade .
O sol abriu brechas nas nuvens cinzentas, que cobrem a cidade faz muitos dias.
Apesar de ter crescido em Almada nunca tinha atravessado a ponte sem ser de carro .Apesar de fazer do desporto e da corrida companheiros desde sempre na minha vida, nunca tinha feito a meia maratona.
Festa da cidade e do país, com presenças marcantes de pessoas de todos os cantos do país e  muitas oriundas de toda a Europa.
A meia maratona exige um esforço fisíco grande, mesmo para aqueles que têm uma boa preparação fisica.No entanto, verifiquei nesta minha primeira participação que é no nível mental, que está o grande segredo: gestão do esforço, ultrapassagem de barreiras  pontuais, concentração no objectivo final e sobretudo acreditar …….que mesmo o impossível,pode ser tranformado em possível.
Consegui porque acreditei e queria conseguir.
Aconselho a participação, mais que não seja para se poder ter mais bela e maravilhosa vista de Lisboa ; entrar na cidade e correr pela cidade, é reparar também em pormenores impossíveis de detectar dentro das viaturas.É sentir esta extraordinária cidade de uma outra maneira.
 
Fiquei cliente
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Le voyage de Chihiro

De Hayao Miyazaki

2001

Un film d´animation c´est toujours une découverte.

Miyazaki a élevé le concept  du genre avec sa vision du monde, d´une sensibilité unique.

Un dieu vivant au Japon, grand maître, Miyazaki crée toujours des mondes complexes, avec une imagination sans limites, sans toit et sans trottoir; on dit qu´on fluctue en regardant ces films.

J´ai vu le voyage plusieurs fois, et plusieurs ça veut dire…. quelques dizaines. Ma petite Caroline, fille cadette, aime le film, l´histoire et surtout la courageuse Chihiro, ou Sen, déesse au nom volé par Youbaba,  la terrible sorcière des bains douches uniques dans l´univers, pour servir…. trois cent mille dieux.

Dans le voyage tout est possible et toutes les métamorphoses sont permises.

Des monstres, des mutants avec des émotions, des sentiments et de la noblesse, dans un mélange de mythologie japonaise et des cultes celtiques. Koji, avec ses six bras et sa beauté intérieur  emprunte à nos rêves un vent sublime et très faible de cauchemar.

Un peut comme Alice dans la route jaune, Chihiro cherche…..

L´art de Miyasaky est éternel et est devenu la référence du dessin animé.

Dans le film, c´est la surprise qui décroche toujours comme un grand bouquet d´éclairs très doux…..c´est  la vie dans sa plénitude, le monde tel qu´il est….pas simple…pas complexe.

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Andorra 2006

Para recordar na eternidade
 
Este ano, com um sol extraordinário, a semana de neve com as crianças decorreu na plenitude.
Apesar das muitas pessoas que afluem ao país dos Pirinéus na semana do carnaval, e da confusão que por vezes existe na grande aglomeração de pessoas num pequeno local, o prazer de passar uma semana inteira, a fazer o que gosto e com quem gosto, é de uma satisfação incrível.
O Pedro, regressado após dois anos de ausência,mais calmo e sereno, também regressado ao bom ski, depois de toda a adolescência no snowboard.
A Catarina, já mais confiante nas artes de bem deslizar na prancha,cheia de estilo.
A Carolina, grande esquiadora, sem medos e aventureira, demasiado…às vezes.Mais uma;numa das manhãs, sempre atrás de mim, quase para todo o lado, andávamos a treinar pequenos saltos e bossas…..quando, após um de muitos, olhei para trás e lá tinha a Carol  caído,com algum aparato ………parei,retirei os esquis e rápidamente corri para a confortar.Quando me aproximo , já ela se levantava, levemente chorosa,cabisbaixa e assustada, pela torneira de sangue que jorrava …e eu não sabia de onde,ai ai,……..levantei-lhe a cabeça ( com capacete claro) e vi que era apenas o nariz que tinha batido com força na neve…..ufffffff, mais um susto, mais uma experiência.Cabeça para trás, um pouco de neve para aliviar, uns lenços manchados e:
-em pé pai, porque ainda vem alguém contra nós…..um minuto depois, estávamos novamente montanha abaixo.Oito anos acabados de fazer……..valente!
A manhã  preenchida livremente nas pistas, em grupo e desfrutando de nós e do ambiente; pela tarde, aulas para as meninas, indo o pai para a velocidade, sempre nas imediações , com o lanche, a água salvadora e a presença confiante na montanha, por vezes agreste.
À noite, o hotel retemperador, o convívio e o descanso mais do que merecido.
Um dia, apenas um na semana, para as lembranças familiares, não cedendo às tentações consumistas andorrenhas.
Uma palavra amiga para a sempre dedicada organização da Amélia Capela e do Rui Marcelino.
Outro bem haja para o Alex,Sofia,André, Afonso e Gonçalo…grande turma…
Uma semana que passou depressa demais; o regresso pela paisagem nevada do norte de Espanha e a entrega da preciosa "carga" no Porto; o regresso do pai a Lisboa;1500 km e treze horas depois chegava à minha praia de Sto.Amaro.
 
Para o ano há mais
 
 
 
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Golden Flight Level 2006

Canazei,Val di Fassa, 14 a 21 de Janeiro

Decorreu em Itália o 31º GFL , este ano organizado pelo ACC de Roma.

O GFL é uma reunião internacional de controladores de tráfego aéreo e seus convidados, dedicada à prática de ski ,snowboard e de de ski de fundo.

A primeira edição ocorreu em 1976, sob o impulso do CTA italiano Ettore “Gegé” Tommasini, que malogradamente morreu na edição de 1988.

Nos ultimos anos o GFL percorreu quase todos os países europeus ( para quando Portugal?) e contou com uma edição memorável  em 2000 no Canadá.

Desde 1998 que Portugal  e os CTA´s portugueses se fazem representar com uma equipa mais ou menos numerosa , sempre animada e dedicada.

Este ano brindámos a Europa com um grupo extraordinário de onze elementos, entre esquiadores e snowboarders.

O GFL 2006 teve lugar nos Dolomitis , cadeia montanhosa no norte de Itália, de extraordinária e invulgar beleza.Apenas o maior dominio esquiável do mundo, com 1200 kms de pistas e  sede dos JO em 56 ( quem não se lembra do nome mitíco de Cortina d´Ampezzo)

O GFL é também convívio e  interacção salutar entre  controladores europeus, sendo talvez esse o grande  e principal objectivo desta reunião anual.

A equipa portuguesa este ano superou-se a si própria com um excelente nível técnico e com uma participação total,tendo conseguido participar em todas as provas.

Uma palavra para a nossa primeira participação na prova de ski de fundo (Gege cup), o que nos deixou deveras satisfeitose orgulhosos.O espírito GFL é feito destas pequenas grandes coisas e quem viveu aquela memorável manhã, poderá um dia sorrir, recordando esses momentos mágicos.

Outro super momento foi a famosa “Sella Ronda”, um percurso de 40 Km ao longo do Passó  Sella, em que existe uma verdadeira comunhão natural com a paisagem e em que o deslizar na neve atinge uma dimensão muito superior ao simples desporto.

Para os curiosos, as classificações estão em www.gfl2006.it 

A edição do próximo ano será em Obersdorf, na Alemanha e desde já podem consultar o excelente  www.gfl2007.com .

Os pré registos estão desde já abertos e contamos com todos os que queiram partilhar de uma semana de emoções qb e de convívio saudável.

Até sempre

carlosterenas@netcabo.pt

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ARCO´06

Madrid, Fevereiro 2006
 
Regressar a Madrid é sempre uma festa, é sempre um prazer redobrado.A gastronomia, aproximidade, o calor, a afinidade cultural, tudo nos faz sentir Madrid, como parte de nós, da nossa identidade ibérica.
Gosto do pulsar da cidade,enorme urbe, sempre actual,sempre central,sempre no topo,para o bem e para o mal.
Puertas del sol,Plaza de Sta.Ana,Plaza Mayor e tudo à volta num turbilhão plural.
Fazia anos que não visitava o (a) Arco.Enorme,com galerias de todo o mundo, apenas e tão só a mostra de arte por excelência,  exposição de arte importante e plateau para novos talentos e valores seguros.
Caminhei quilómetros,em horas sem fim, por dores nos pés inevitáveis.Vi muito,vi demais,absorvi um pouco mais e escapou-me outro tanto.
Foi polémico Oscar Seco, com o seu "Cristo com míssil", foi sucesso Vieira da Silva, numa grande aposta de uma galeria….francesa, comprados por museus espanhóis.
Foi marcante a enorme presença de galerias nacionais, o que prova a maturidade do mercado e demosntra uma  grande vitalidade artística .
Uma palavra  especial para o Paulo Amaro, da estreante  galeria 24b, que apostou e ganhou, o que prova que quando queremos…..podemos.
Ah… e Araki, sempre e preverso, como a realidade, tão virtualmente preversa.
 
Volto com prazer a Madrid
 
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Kodo-Tambores do Japão

Experiência energética,possante e único.
Chovia e trovejava lá fora, dando uma ambiência ainda mais esotérica a todo o espectáculo.
Kodo, tambor,criança e "bater de coração", conceitos diferentes e próximos num fluxo de energia contagiante a todos que assistiam.
Taiko, tambores nipónicos, kodo, a arte de tocar taiko.
Ritmos alucinantes, leves, fortes, indeléveis, vigorosos,apressados,descompensados, misturados,confusos,organizados,descorrelacionados,imperceptíveis,poderosos e altos.A vida como ela é, através de ritmos, do ritmo do coração, as emoções e as sensações, o reconhecimento do ritmo com o primeiro sinal de conforto e identificação, o primeiro sinal de reconhecimento humano.
Espectáculo cénico irrepreensível, através de imagens e de uma estética ancestral, que nos inundava em ritmos tradicionais mas também em ondulações mais vanguardistas, dando ao todo final, um sinal de que a perfeição pode ser atingida.
 
 
 
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